A cultura ocidental preconiza a competitividade. Com ela se aprende, equivocadamente, a exigir de si próprio metas impossíveis e alcançar um padrão irreal. Criticar-se vira um hábito e, muitas vezes, essa característica é vista como positiva. Contudo, a autocrítica está relacionada ao estresse, a infelicidade e a procrastinação. Ainda, toda vez que se erra, sentimentos como incompetência e culpa aparecem, sendo que errar é algo intrínseco à vida.
Curiosamente, ao passo que se aprende a ser extremamente exigente consigo mesmo, aprende-se a ser compassivo com o outro. Geralmente, quando se percebe o sofrimento do outro frente a um erro, a resposta é o acolhimento e não o julgamento. A autocompaixão tem como premissa que se faça consigo o que se faz
com os outros: acolher-se.
Autocompaixão pode ser definida como a prática de tratar a si mesmo com a mesma gentileza com que se trataria um amigo. Logo, a ideia é conseguir perdoar a si mesmo, ter atitudes de autocuidado pessoal, e lidar com o sofrimento de maneira acolhedora. Como qualquer habilidade, a autocompaixão é desenvolvida e
adquirida com a prática. E as consequências são positivas, uma vez que pessoas autocompassivas são mais resilientes, satisfeitas com a vida, e com relacionamentos melhores.
É importante não confundir a autocompaixão com a autopiedade. A autocompaixão é uma forma de se reconhecer e se respeitar. O processo para desenvolvê-la não é fácil, rápido, nem linear. Os três pilares essenciais para se trabalhar a autocompaixão são: a autoconsciência, a humanidade compartilhada, e livrar-se e julgamentos.
A autoconsciência diz respeito a simplesmente prestar atenção de forma plena e com interesse genuíno ao que se experiencia, sente-se e pensa; sem julgamentos automáticos. A humanidade compartilhada é o ato de relembrar que não se é único em relação a erros e sofrimentos, e que, de certa forma, não se está sozinho. Por fim, estar livre de julgamentos diz respeito a, por meio da autoconsciência, perceber quando se está julgando a si mesmo e o nível dessa autocrítica; tentando, ao notar, tratar-se com respeito e gentileza.
É importante sempre se lembrar de que o caminho da autocompaixão é difícil, já que se aprende a viver de outra maneira desde que se nasce. Contudo, ela auxilia na motivação para a realização dos desejos, objetivos, e metas, diminuindo a ansiedade e pensamentos depressivos.
Deixamos como sugestão de leitura o livro “Autocompaixão” e “Manual de Mindfulness e Autocompaixão: Um Guia para Construir Forças Internas e Prosperar na Arte de Ser Seu Melhor Amigo”, ambos de Kristin Neff, doutora em desenvolvimento moral pela Universidade da Califórnia e Pós-Doutora na Universidade de Denver.
Texto por: Débora Vilela – Diretora de Mercado